É natural de Ambriz e, pelas suas palavras, tudo aquilo que África lhe dá se converte em inspiração. De pseudónimo Guizef, Augusto Zeferino fala à V&G sobre o seu pequeno-grande mundo, pintado pelas cores do seu país. Os 54 anos já lhe permitiram conhecer parte do mundo, graças a um talento que trespassa as barreiras de Angola. A mulher africana é a sua principal protagonista, ilustrada com as vestes, cores e adereços que a tornam autêntica aos olhos de muitos. O talento do artista tem colocado o país angolano nas bocas do mundo, prova disso é a recente exposição em Zurique. Sem nunca esquecer as suas origens, Guizef esboça por palavras a mesma arte que pinta na tela.
Guizef Guilherme
«Angola é a minha eterna musa»
Fale-nos um pouco de si. Sabemos que nasceu na província do Bengo e que o seu nome verdadeiro é Augusto Guilherme...
Sou o Guizef, artista plástico angolano. A arte é um dom que se destacou em mim bem cedo, embora na minha formação académica não tivesse seguido artes. Gostava de ter ingressado na prestigiosa Academie Des Beaux Arts, mas não foi possível. Segui estudos na área da psicologia e, mais tarde, formei-me em design gráfico.
Quando é que surgiu essa necessidade artística dentro de si?
Bem, depois de não entrar no curso que desejava, continuei a fazer arte, mas apenas como hobby. Em 2012 e 2013, um amigo pediu-me insistentemente que fizesse uma exposição. Ele dizia que eu era bom, e acabei por aceitar. Devo dizer que a reação do público foi uma surpresa para mim. Desde julho de 2014, ano da minha estreia, até hoje, a arte tornou-se o centro da minha atividade.
Porque é que optou por utilizar o pseudónimo de Guizef?
O meu nome completo é Guilherme Augusto Zeferino, mas houve uma pequena falha nos serviços de registo e perdi o apelido «Guilherme». Ainda assim, como o nome me pertencia, acabei por juntá-lo a «Zeferino», dando origem a «Guizef».
Em todas as peças expostas são retratadas as cores, vestes, adereços, manifestações e envolvências culturais do povo angolano. Angola é a sua musa?
Sem dúvida. África, em geral, é uma fonte inesgotável de inspiração, mas Angola é a minha eterna musa.
O rosto da mulher africana costuma também estar presente. É-lhe especial a figura feminina?
O papel preponderante da mulher africana no seio familiar é inquestionável, por funcionar como um equilíbrio. Sem esquecer que a Mãe Natureza foi generosa com a mulher, atribuindo-lhe os traços estéticos mais pronunciados, a intuição feminina, etc... São esses e outros aspetos que permitem que a figura feminina esteja, quase de forma natural, no centro do meu processo criativo. Sem esquecer também a minha esposa, Dina Unsende, que é a minha inspiração contínua.
Pinta o que vê ou vê o que pinta?
Para criar, muitas das vezes, começo com um tema imaginário que vai constituir a mensagem que pretendo transmitir. Depois, vou procurar imagens, capturando fotografias que me possam ajudar a dar corpo à minha obra. O resto já passa por ir além da imaginação.
«O papel preponderante da mulher africana no seio familiar é inquestionável»
Sou o Guizef, artista plástico angolano. A arte é um dom que se destacou em mim bem cedo, embora na minha formação académica não tivesse seguido artes. Gostava de ter ingressado na prestigiosa Academie Des Beaux Arts, mas não foi possível. Segui estudos na área da psicologia e, mais tarde, formei-me em design gráfico.
Quando é que surgiu essa necessidade artística dentro de si?
Bem, depois de não entrar no curso que desejava, continuei a fazer arte, mas apenas como hobby. Em 2012 e 2013, um amigo pediu-me insistentemente que fizesse uma exposição. Ele dizia que eu era bom, e acabei por aceitar. Devo dizer que a reação do público foi uma surpresa para mim. Desde julho de 2014, ano da minha estreia, até hoje, a arte tornou-se o centro da minha atividade.
Porque é que optou por utilizar o pseudónimo de Guizef?
O meu nome completo é Guilherme Augusto Zeferino, mas houve uma pequena falha nos serviços de registo e perdi o apelido «Guilherme». Ainda assim, como o nome me pertencia, acabei por juntá-lo a «Zeferino», dando origem a «Guizef».
Em todas as peças expostas são retratadas as cores, vestes, adereços, manifestações e envolvências culturais do povo angolano. Angola é a sua musa?
Sem dúvida. África, em geral, é uma fonte inesgotável de inspiração, mas Angola é a minha eterna musa.
O rosto da mulher africana costuma também estar presente. É-lhe especial a figura feminina?
O papel preponderante da mulher africana no seio familiar é inquestionável, por funcionar como um equilíbrio. Sem esquecer que a Mãe Natureza foi generosa com a mulher, atribuindo-lhe os traços estéticos mais pronunciados, a intuição feminina, etc... São esses e outros aspetos que permitem que a figura feminina esteja, quase de forma natural, no centro do meu processo criativo. Sem esquecer também a minha esposa, Dina Unsende, que é a minha inspiração contínua.
Pinta o que vê ou vê o que pinta?
Para criar, muitas das vezes, começo com um tema imaginário que vai constituir a mensagem que pretendo transmitir. Depois, vou procurar imagens, capturando fotografias que me possam ajudar a dar corpo à minha obra. O resto já passa por ir além da imaginação.
«O papel preponderante da mulher africana no seio familiar é inquestionável»
Enquanto pai de tela e tinta, consegue escolher o seu quadro predileto?
Como um bom pai, amo todos os meus filhos (risos).
Que materiais costuma utilizar no processo criativo?
Uso essencialmente telas, tinta acrílica e protetor de telas. Costumo escolher materiais sustentáveis.
Qual é a principal mensagem que pretende transmitir a partir das suas peças?
A principal mensagem é a de que África tem valores por descobrir, valores esses que o mundo precisa de conhecer para se desenvolver.
Já realizou diversas exposições individuais no estrangeiro. Que países tem percorrido?
Já percorri Angola, Portugal, Itália, França, Dubai e Suíça.
Fale-nos da sua mais recente exposição.
Intitulada Les tendences modernes (As tendências modernas), a mais recente coleção está em Genebra, Suíça. É fruto de numa interpelação sobre as influências negativas das ciências em algumas vertentes das nossas vidas.
Como é que tem sido a recetividade ao seu trabalho, fora de Angola?
A recetividade fora do país é positiva.
«África tem valores por descobrir, valores esses que o mundo precisa de conhecer para se desenvolver»
Como um bom pai, amo todos os meus filhos (risos).
Que materiais costuma utilizar no processo criativo?
Uso essencialmente telas, tinta acrílica e protetor de telas. Costumo escolher materiais sustentáveis.
Qual é a principal mensagem que pretende transmitir a partir das suas peças?
A principal mensagem é a de que África tem valores por descobrir, valores esses que o mundo precisa de conhecer para se desenvolver.
Já realizou diversas exposições individuais no estrangeiro. Que países tem percorrido?
Já percorri Angola, Portugal, Itália, França, Dubai e Suíça.
Fale-nos da sua mais recente exposição.
Intitulada Les tendences modernes (As tendências modernas), a mais recente coleção está em Genebra, Suíça. É fruto de numa interpelação sobre as influências negativas das ciências em algumas vertentes das nossas vidas.
Como é que tem sido a recetividade ao seu trabalho, fora de Angola?
A recetividade fora do país é positiva.
«África tem valores por descobrir, valores esses que o mundo precisa de conhecer para se desenvolver»
Quem é o seu maior crítico?
O mestre Etona.
Aprecia também a pintura dos outros artistas?
Sou um grande apreciador de obras de arte. Gosto muito da diversidade.
Em 2020, criou a Mãe Alegre, peça que o Presidente João Lourenço ofereceu ao Papa Francisco, no Vaticano. O que é que representou para si, este trabalho em particular?
Devo dizer que a obra é o retrato fiel do povo angolano: alegre e lutador.
Hoje, ainda se mantém como membro da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), em Angola. Mesmo sendo notado a nível internacional, gosta de se sentir conectado às suas origens?
Como dizia o filósofo alemão Nietzsche, «aquele que quer aprender a voar um dia, precisa primeiro de aprender a ficar de pé». Angola, a UNAP e o meu povo são uma fonte de energia para mim.
Se não fosse artista, seria o quê?
Artista. Só para ter uma ideia: não fui aceite na instituição artística, formei-me em psicologia, mas acabei por exercer design gráfico, que é arte num formato digital.
Tem algum projeto artístico em mente que deseje partilhar?
O big project, que está para sair, conta com 47 obras de arte, entre elas pinturas e esculturas. O projeto será acompanhado de um livro, a par com um vídeo que pretende demonstrar o nosso (meu e da minha equipa) processo de criação.
O mestre Etona.
Aprecia também a pintura dos outros artistas?
Sou um grande apreciador de obras de arte. Gosto muito da diversidade.
Em 2020, criou a Mãe Alegre, peça que o Presidente João Lourenço ofereceu ao Papa Francisco, no Vaticano. O que é que representou para si, este trabalho em particular?
Devo dizer que a obra é o retrato fiel do povo angolano: alegre e lutador.
Hoje, ainda se mantém como membro da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), em Angola. Mesmo sendo notado a nível internacional, gosta de se sentir conectado às suas origens?
Como dizia o filósofo alemão Nietzsche, «aquele que quer aprender a voar um dia, precisa primeiro de aprender a ficar de pé». Angola, a UNAP e o meu povo são uma fonte de energia para mim.
Se não fosse artista, seria o quê?
Artista. Só para ter uma ideia: não fui aceite na instituição artística, formei-me em psicologia, mas acabei por exercer design gráfico, que é arte num formato digital.
Tem algum projeto artístico em mente que deseje partilhar?
O big project, que está para sair, conta com 47 obras de arte, entre elas pinturas e esculturas. O projeto será acompanhado de um livro, a par com um vídeo que pretende demonstrar o nosso (meu e da minha equipa) processo de criação.