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Em nome de África, by Mo Laudi

Globalisto, uma filosofia em Movimento

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Já é possível ver o mundo sob a lente pan-africa no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Saint-Étienne, em França. Se ainda não teve a oportunidade de embarcar numa viagem espiritual pelo território africano, damos-lhe as boas notícias: há uma exposição que o transporta até lá, pelo menos até dia 16 de outubro. Cor, história e inclusão são as três garantias dos 19 artistas que deram vida a uma filosofia singular, traduzida em obras de arte.

Ver o mundo sob a lente pan-africanista
Recontar a história africana através de uma visão alternativa foi o ponto de partida de Mo Laudi, o curador da exposição. Aliás, o próprio nome da exibição, Globalisto, uma filosofia em Movimento, é único, uma vez que Mo Laudi criou o termo "globalisto” para intensificar a experiência do observador, oferecendo pormenores que permitam ver o mundo de maneiras diferentes. Este desejo de transpor as pessoas para um universo diferente, sem ideias pré-concebidas, surgiu com a inconformidade da história do seu país. A escrita dos tempos é feita através dos "olhos” da Europa que, segundo o curador da exposição, resulta numa perspetiva centrada no ocidente. O sul-africano crê que uma das vítimas desse facto é a sua terra natal, notando uma acentuada tendência europeia em perspetivar o mundo, daí desejar criar um lugar único, sem fronteiras, uma vez que até as fronteiras do seu país foram criadas pelos poderes europeus. Com o aparecimento do movimento Black Lives Matter, o artista percebeu o impacto social que o escrutinar de situações gerou, visto que mostrou à humanidade a discriminação que ainda persiste. Nessa altura, a sua ideia já começava a ganhar mais força e consistência.

Dezanove artistas que deram vida a uma filosofia singular
A exibição conta com artistas de diferentes gerações, que questionam a realidade em que se inserem, desde o sistema político à biopolítica. Gerard Sekoto, Jamika Ajalon, Sammy Baloji e Elsa M’Bala são alguns dos talentos que marcam presença no museu de Saint-Étienne. Poderá também encontrar diversos trabalhos de ativistas, poetas e filósofos que, no seu conjunto, se complementam numa emotiva exposição. Marie Aimée Fattouche, por exemplo, desenvolveu a sua expressão de arte a partir de imagens 3D, modelos 3D e arquivos de famílias sobre rituais ancestrais, mitologia africana, ciência e filosofia. Já Raphaël Barontini inspirou-se na história da arte africana, apresentando-nos heróis tanto reais como imaginários, a partir de têxteis que incorporam colagem. Um verdadeiro jogo entre escala, cores e padrões. Resta deixar o convite para o Globalisto, uma filosofia em Movimento, a exibição que o fará questionar a vida e o mundo ao seu redor e, para o espicaçar na dose certa, deixamos-lhe a frase de abertura da exposição: "Enquanto os leões não tiverem os seus próprios historiadores, a história da caça vai sempre vangloriar o caçador” (Chinua Achebe).
T. Joana Rebelo
F. Direitos Reservados