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· Arte & Cultura · · T. Filomena Abreu · F. Fundação Calouste Gulbenkian, Pedro Pina

Europa Oxalá

A exposição que questiona a história colonial e desmonta clichés

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O passado encontra-se com o presente quando 21 artistas plásticos europeus, com origens nas antigas ‘colónias’ de África, refletem sobre as suas heranças e identidades numa exposição que estará patente na galeria principal da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, até 22 de agosto. O certame Europa Oxalá apresenta cerca de 60 obras de pintura, desenho, escultura, filme, fotografia e instalação de afro-europeus, cujos pais e avós nasceram ou viveram em Angola, Congo, Benim, Guiné, Argélia e Madagáscar. Deles herdaram memórias indiretas, que lhes chegaram de forma difusa, pela família, pelos amigos e pela vida pública quotidiana.
E não são só vozes, sons e gestos, são imagens e recordações das suas culturas de origem, pontos de partida para um importante trabalho de investigação nos arquivos históricos pessoais e institucionais. Produções artísticas que alimentam uma reflexão original sobre o racismo, a descolonização das artes, o estatuto da mulher na sociedade contemporânea e a desconstrução do pensamento colonial.

«Produções artísticas que alimentam uma reflexão original sobre o racismo»

Inicialmente apresentada no MUCEM – Musée des Civilisations de l’Europe et de la Méditerranée –, seguirá para o Museu Real da África Central – AfricaMuseum –, em Tervuren, na Bélgica, após a apresentação na capital portuguesa. A exposição integra a Temporada Cruzada Portugal-França.
O caráter inovador e transnacional do trabalho destes artistas da «pós-memória» tem vindo a marcar profundamente a paisagem artística e cultural das últimas duas décadas. O modo como alguns deles conjugam linguagens contemporâneas e processos tradicionais testemunha o poder criativo da diversidade cultural europeia contemporânea, abrindo novas perspetivas à própria noção de Europa.
António Pinto Ribeiro, comissário da exposição, juntamente com Katia Kameli e Aimé Mpane (ambos artistas também representados na mostra), explica que se trata de uma exposição «que quer quebrar clichés, dando a ver e a sentir uma energia nova que olha para o futuro».
O título da mostra aponta exatamente nesse sentido, ao introduzir uma palavra – oxalá – que resulta de séculos de integração e que traduz uma ideia de futuro em construção, numa Europa que é solo comum a todos estes artistas.

«No verão, haverá três fins de semana musicais no jardim, com curadoria de Dino d’Santiago»

Estarão representados Aimé Mpane, Aimé Ntakiyica, Carlos Bunga, Délio Jasse, Djamel Kokene-Dorléans, Fayçal Baghriche, Francisco Vidal, John K. Cobra, Katia Kameli, Mohamed Bourouissa, Josèfa Ntjam, Malala Andrialavidrazana, Márcio Carvalho, Mónica de Miranda, Nú Barreto, Pauliana Valente Pimentel, Pedro A. H. Paixão, Sabrina Belouaar, Sammy Baloji, Sandra Mujinga e Sara Sadik.
No verão, haverá três fins de semana musicais no jardim, com curadoria de Dino d’Santiago (24-26 junho, 1-3 julho e 08-10 julho); cinema ao ar livre (24-25 junho, 1-2 julho e 8-9 julho); e um momento de teatro criado e protagonizado pela atriz e encenadora Zia Soares (15 julho). 
T. Filomena Abreu
F. Fundação Calouste Gulbenkian, Pedro Pina