Há uma revolução industrial em curso, a todo o vapor. Toda ela com um objetivo claro de tornar as operações mais eficientes, com menores perdas. Óbvio que a Inteligência Artificial ocupa aqui um lugar de destaque. É com este recurso que se moderniza a maioria dos processos produtivos. Mas há um conceito que tem de caminhar, passo a passo, com tudo isto: a sustentabilidade. Simplesmente, não é hoje concebível que a evolução digital não acompanhe um uso mais responsável e económico dos recursos disponíveis. E todo o contexto industrial requer que as organizações debatam e acompanhem de perto esta evolução. Por isso, os países reúnem-se com frequência para debater o assunto e fazem pactos a curto e a longo prazo. Já não se trata só de uma decisão individual. Os consumidores exigem que os produtos que lhes chegam às mãos respeitem regras, o que tem levado empresários e fábricas a mudarem muitos dos seus comportamentos, de modo a se tornarem cada vez mais sustentáveis.
Nesta linha, há alguns indicadores que mostram os claros benefícios gerados pelos sistemas automatizados da indústria 4.0: redução de custo, economia energética, design mais inteligente, redução do uso de matéria-prima, reciclagem de resíduos e conservação ambiental.
Por exemplo, já existe uma aplicação para smartphone, a Nuw, criada na Irlanda, que permite que os usuários troquem entre si roupas que raramente usam, em vez de deitá-las ao lixo. Nas Filipinas, a empresa de vestuário Phinix recolhe resíduos têxteis e transforma-os em calçado e bolsas, o que faz com que estes produtos tenham apenas 10% da pegada de carbono das roupas normais. Por fim, ao fazer reciclagem e evitar embalagens plásticas, a empresa de vestuário brasileira Refazenda eliminou a produção de resíduos sólidos (zero waste). São apenas três modelos de um número crescente de ideias que querem contrariar a tendência destrutiva do meio ambiente chamada fast fashion.
«A indústria da moda tem sido criticada há muito tempo pelo impacto que tem sobre o meio ambiente»
E porque fomos buscar a indústria do vestuário? Porque só agora a maioria dos consumidores começa a contrariar a procura voraz por roupas baratas, algo que transformou o setor têxtil num dos mais poluidores do mundo. Estima-se que este seja responsável por cerca de 8% das emissões de gases de efeito estufa do mundo. Para se ter uma ideia, produzir um quilo de têxteis obriga à utilização de mais de meio quilo de produtos químicos, além de consumir enormes quantidades de água.
«A indústria da moda tem sido criticada há muito tempo pelo impacto que tem sobre o meio ambiente», apontou Elisa Tonda, chefe da Unidade de Consumo e Produção do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), acrescentando depois que, «ao mesmo tempo, há muita inovação a acontecer neste momento, o que é um bom presságio para o futuro». A especialista respondia a algumas perguntas antes da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA), uma entidade que está prestes a ver o lançamento de uma Aliança Global sobre Economia Circular e Eficiência de Recursos, estabelecida pelo PNUMA, a Comissão Europeia e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO). Este compromisso assenta em iniciativas regionais já existentes (como a Aliança Africana de Economia Circular), para acelerar a transição para uma economia circular global, através de uma utilização mais eficiente e equitativa dos recursos. E também promove o consumo sustentável, a produção e a industrialização.
A recuperação económica da COVID-19 oferece uma rara oportunidade para mudar drasticamente a trajetória de muitas indústrias, incluindo a têxtil.
A circularidade e a sustentabilidade também fazem sentido economicamente para as empresas, sugerem os dados. Antes da pandemia, apenas 60% do vestuário era vendido a preço total, criando muitos milhões de dólares de receitas perdidas. O design inteligente do produto tem o potencial de eliminar o desperdício de produção e reduzir a poluição durante toda a fase de processamento, ajudando as empresas a economizar dinheiro. A circularidade também seria boa para o clima. Incutir e normalizar outros hábitos comerciais, como o aluguer de roupas e os arranjos, poderia ajudar a indústria a reduzir cerca de 143 milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa até 2030.
A UNEA é o órgão decisório de mais alto nível no mundo sobre o meio ambiente. Reúne representantes dos 193 Estados Membros da ONU, empresas, líderes da sociedade civil e outras partes interessadas para chegar a um acordo sobre políticas que visem combater as mudanças climáticas, a poluição e a perda da biodiversidade. A próxima sessão presencial da UNEA deve ocorrer em Nairobi, Quénia, em fevereiro deste ano.
Nesta linha, há alguns indicadores que mostram os claros benefícios gerados pelos sistemas automatizados da indústria 4.0: redução de custo, economia energética, design mais inteligente, redução do uso de matéria-prima, reciclagem de resíduos e conservação ambiental.
Por exemplo, já existe uma aplicação para smartphone, a Nuw, criada na Irlanda, que permite que os usuários troquem entre si roupas que raramente usam, em vez de deitá-las ao lixo. Nas Filipinas, a empresa de vestuário Phinix recolhe resíduos têxteis e transforma-os em calçado e bolsas, o que faz com que estes produtos tenham apenas 10% da pegada de carbono das roupas normais. Por fim, ao fazer reciclagem e evitar embalagens plásticas, a empresa de vestuário brasileira Refazenda eliminou a produção de resíduos sólidos (zero waste). São apenas três modelos de um número crescente de ideias que querem contrariar a tendência destrutiva do meio ambiente chamada fast fashion.
«A indústria da moda tem sido criticada há muito tempo pelo impacto que tem sobre o meio ambiente»
E porque fomos buscar a indústria do vestuário? Porque só agora a maioria dos consumidores começa a contrariar a procura voraz por roupas baratas, algo que transformou o setor têxtil num dos mais poluidores do mundo. Estima-se que este seja responsável por cerca de 8% das emissões de gases de efeito estufa do mundo. Para se ter uma ideia, produzir um quilo de têxteis obriga à utilização de mais de meio quilo de produtos químicos, além de consumir enormes quantidades de água.
«A indústria da moda tem sido criticada há muito tempo pelo impacto que tem sobre o meio ambiente», apontou Elisa Tonda, chefe da Unidade de Consumo e Produção do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), acrescentando depois que, «ao mesmo tempo, há muita inovação a acontecer neste momento, o que é um bom presságio para o futuro». A especialista respondia a algumas perguntas antes da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA), uma entidade que está prestes a ver o lançamento de uma Aliança Global sobre Economia Circular e Eficiência de Recursos, estabelecida pelo PNUMA, a Comissão Europeia e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO). Este compromisso assenta em iniciativas regionais já existentes (como a Aliança Africana de Economia Circular), para acelerar a transição para uma economia circular global, através de uma utilização mais eficiente e equitativa dos recursos. E também promove o consumo sustentável, a produção e a industrialização.
A recuperação económica da COVID-19 oferece uma rara oportunidade para mudar drasticamente a trajetória de muitas indústrias, incluindo a têxtil.
A circularidade e a sustentabilidade também fazem sentido economicamente para as empresas, sugerem os dados. Antes da pandemia, apenas 60% do vestuário era vendido a preço total, criando muitos milhões de dólares de receitas perdidas. O design inteligente do produto tem o potencial de eliminar o desperdício de produção e reduzir a poluição durante toda a fase de processamento, ajudando as empresas a economizar dinheiro. A circularidade também seria boa para o clima. Incutir e normalizar outros hábitos comerciais, como o aluguer de roupas e os arranjos, poderia ajudar a indústria a reduzir cerca de 143 milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa até 2030.
A UNEA é o órgão decisório de mais alto nível no mundo sobre o meio ambiente. Reúne representantes dos 193 Estados Membros da ONU, empresas, líderes da sociedade civil e outras partes interessadas para chegar a um acordo sobre políticas que visem combater as mudanças climáticas, a poluição e a perda da biodiversidade. A próxima sessão presencial da UNEA deve ocorrer em Nairobi, Quénia, em fevereiro deste ano.