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Museu Internacional Afro-Americano

Solo sagrado para memória dos escravos 

PMMEDIA Pub.
Com vista para o antigo cais de Charleston, onde quase metade da população escrava entrou pela primeira vez na América do Norte, o Museu Internacional Afro-Americano, na Carolina do Sul (EUA), que abriu recentemente ao público, após mais de duas décadas de construção, não passa despercebido. Resulta de muito empenho e de uma colaboração entre casas especiais.
Está instalado num edifício projetado por Pei Cobb Freed & Partners e Moody Nolan, com paisagismo do Hood Design Studio e design de exposições de Ralph Appelbaum Associates. As empresas trabalharam juntas para criar uma obra de arquitetura e um ambiente que honrasse a história do local, ao mesmo tempo que apoiava uma série de exposições, eventos e recursos educacionais. A forma reflete o princípio orientador articulado pelo principal e inicial projetista, o falecido Henry N. Cobb, para quem a localização era primordial.
É o mais recente ponto de peregrinação para descendentes de africanos escravizados, cuja chegada ao Hemisfério Ocidental começa nas docas da costa de Lowcountry. Mas é também uma lição de humanidade para todos nós. 
Nos seus 14 mil metros quadrados abriga exposições e artefactos que exploram como o trabalho, a perseverança, a resistência e as culturas dos afro-americanos moldaram as Carolinas, a nação e o mundo em geral. Também inclui um centro de pesquisa genealógica para ajudar as famílias a rastrear os caminhos dos ancestrais, desde o ponto em que ali chegaram. 

«Mais do que uma marca de arquitetura, é um marco extraordinário»
E abre portas num momento em que a história, a essência e os direitos raciais nos Estados Unidos da América mais se fazem ouvir e também mais são desafiados.
Assim, a estrutura e o coração deste museu veem a luz do dia com a missão de mostrar, de questionar, de despertar consciências, de convidar ao diálogo.
«A única coisa que é preciso trazer para este museu é a sua curiosidade, nós faremos o resto», disse Tonya Matthews, curadora do museu. «Mostre-me um espaço corajoso, mostre-me um espaço aberto, mostre-me um espaço que me encontre onde estou e me leve aonde eu pedi para ir», acrescentou. 
Ao entrar no espaço, oito grandes ecrãs exibem um trailer em loop de uma jornada da diáspora que se estende por séculos, desde as raízes culturais no continente africano, até aos legados regionais e internacionais que surgiram da dispersão e migração dos africanos. 
Com exceção de dois núcleos de serviço emoldurando uma escada central com claraboia, todo o plano térreo do edifício permanece aberto, representando o coração da memória coletiva local. No lado leste deste espaço aberto, orientado para o porto e para o oceano, um espelho de água raso representa a borda de Gadsden’s Wharf, como era no início do século XIX, no auge do comércio de escravos. 
«O International African American Museum é mais do que uma marca de arquitetura, é um marco extraordinário», afirma Curt Moody, fundador da Moody Nolan. 
T. Filomena Abreu
F. Sahar Coston-Hardy/Esto