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· Arquitetura&Design · · T. Joana Rebelo · F. Direitos Reservados

Tendências do mobiliário

Mudam-se os tempos, mudam-se as necessidades

PMMEDIA Pub.
O mundo não imaginava o que estava por vir quando lançava pelo ar os confettis do «Feliz 2020». As expectativas eram muitas, os desejos eram ainda maiores, só não se sabia que o «Ano novo, vida nova» iria assumir uma dimensão tão radical, para todos. Os dias foram passando e a humanidade assistiu ao surgimento de uma pandemia que custou a vida a milhões de pessoas. Os meses correram a custo e, quando nos julgávamos livres de um ‘parasita’, o mundo ficou, de novo, do avesso. Num abrir e fechar de olhos, começou uma guerra na Europa. Em simultâneo, preparamo-nos para uma crise económica e acentuam-se os efeitos do aquecimento global. Têm sido anos desafiantes, cá pela Terra.
Há quem diga que das circunstâncias resultam as mudanças, talvez seja isso que esteja a acontecer com o Homem, depois destes últimos anos a viver em constante efeito de bola de neve. Lá está, a velha conversa da evolução, não só da estrutura dentária ou da utilidade do polegar, mas também a evolução da mente. Posto isto, a V&G partiu em busca de algumas respostas. Desta vez, fomos desvendar as mais recentes mudanças na Indústria do Mobiliário, desafiamos a cara da JetClass Group, o CEO Agostinho Moreira. Em cima da mesa esteve sempre o tema do luxo, um forte indicador de que, de facto, em tempos de mudança, nada corre dentro das previsões.

Na hora da compra, as pessoas são mais conscienciosas e exigentes
É provável que o nome Jetclass Group lhe seja familiar, mas, se não for o caso, permita-nos a breve apresentação. A empresa trabalha com o setor mobiliário de luxo, contendo diferentes marcas para diferentes públicos e estilos. Está presente em várias partes do mundo, nomeadamente, em Angola, tendo sido uma «feliz aposta do Grupo», segundo o CEO. A harmonia entre o clássico e o contemporâneo faz parte da imagem muito própria da empresa, optando por materiais premium que conferem luxo ao produto. Contextualização? Check. Está na hora de vestirmos o traje do Sherlock Holmes e de começar a procurar evidências.
Questionado sobre o panorama do setor mobiliário antes do surgimento da COVID-19, Agostinho menciona uma franca expansão para determinados mercados que outrora mais fechados. As empresas estavam positivas e os planos de expansão eram muitos. Não tardou a mudar, também no setor mobiliário. Segundo o CEO da empresa, da pandemia resultaram mudanças de paradigma, nomeadamente, ao nível das casas, trazendo, consequentemente, um aumento das vendas de mobiliário.  Durante o período de pandemia, Agostinho explica que os consumidores entenderam que «o conforto do lar é uma necessidade e passaram a olhar mais para as suas casas. Como consequência, passaram a procurar um mobiliário mais funcional, duradouro e confortável.» A casa tem-se vindo a tornar o centro de reunião para famílias e amigos, deixando de ter um papel meramente secundário. As exigências dos clientes são hoje outras, tanto no que toca à qualidade dos materiais, como ao design, conforto e funcionalidade. Na hora da compra, as pessoas são mais conscienciosas e exigentes.

«O conforto e funcionalidade são características muito procuradas»
Mas, afinal, o que procura hoje o consumidor? A era digital permitiu o fácil acesso a tudo o que se passa ao redor mundo, sem ter de se ausentar de casa. Só isto potencializou o desejo por produtos de luxo com diversos materiais e características. Agostinho esclarece que «os clientes hoje pesquisam, têm mais consciência sobre aquilo que estão a comprar, além de serem, consequentemente, influenciados por essas mesmas plataformas digitais, os media e as redes sociais.» Então, se as necessidades mudam, o mobiliário se molda às novas circunstâncias e os consumidores estão mais exigentes, o que acontece ao luxo? Bem, o CEO da Jetclass dá uma resposta clara: o conceito de luxo também se alterou. «Mas o que temos de observar é que o luxo está muito ligado a conceitos de tradicionalidade e, por isso, há um processo mais longo para que se note uma mudança efetiva». Quiçá seja a tecnologia o que mais impulsiona tal disrupção, confessa o empresário. Ainda assim, já é possível notar o rumo mais verde que o luxo tem optado por seguir. Sustentabilidade e conforto começam a funcionar como alicerces do luxo contemporâneo, este que se molda, não só às preferências do cliente, como às necessidades do planeta. «O conforto e funcionalidade são características muito procuradas nas nossas peças», revela Agostinho, mencionando que o próprio fabrico dos seus produtos também visa minimizar os desperdícios e gastos. Depois de longos dias de confinamento, a humanidade começou a olhar para o seu lar com uma perspetiva significativamente profunda. O conforto e funcionalidade começaram a sobrepor-se ao «esteticamente bonito», e a sustentabilidade tornou-se uma aliada. Mas serão estes os indicadores que marcam o início de um novo império do luxo? Agostinho Moreira crê que sim. Mas, ainda que a evolução se ponha no caminho do mobiliário, o CEO acredita que há elementos que permanecerão, sempre, intemporais.

O rumo mais verde que o luxo tem optado por seguir
Gostaria de conhecer alguns dos segredos do luxo? A Jetclass ajuda. Comecemos com a identidade. Para potencializar um ambiente mágico, tente contar uma história primeiro. Depois, é importante criar um jogo harmonioso de cores e texturas. Old but gold, esta etapa é imprescindível. O último segredo é o ponto fulcral. Todos os ambientes precisam desta componente, algo que atraia a visão como se de um íman se tratasse. E agora que começa a conhecer o idioma do luxo, lembre-se que o mercado tem certos padrões mundiais, o que não quer dizer que se deva ignorar a vertente cultural em que se insere. Trata-se também de um fator identitário.
E aí, desse lado, considera que estamos no começo de uma mudança de paradigma no domínio do luxo? A incógnita permanecerá, por agora.
T. Joana Rebelo
F. Direitos Reservados