Villas&Golfe Angola
· Cosmética · · T. Joana Rebelo · F. Direitos Reservados

Maquilhagem

O homem na mira da Indústria Cosmética

PMMEDIA Pub.
Embora por muitos desconhecido, o uso de maquilhagem no género masculino é uma atividade que carrega milhares de anos às costas. Os homens das cavernas pintavam o corpo de um pó avermelhado para assustar os inimigos ou para se embelezarem para os ritos de adoração aos deuses. Já em 4000 a.C, os egípcios valorizam o ornamento facial, aliás, os faraós recorriam aos delineadores e às cores fortes, como o preto e dourado, para exibirem poder e luxo, e a sombra verde servia como prevenção de doenças. Os vikings utilizavam, durante as guerras, um pó para os olhos, e os homens das tribos africanas como a Wodaabe esmeravam-se nos truques e contornos das suas pinturas para impressionarem as mulheres. Também no tempo da dinastia inglesa era comum o uso de maquilhagem por parte dos homens, visto que o padrão de beleza era possível de ser atingido pelo blush e pó branco. Para fins bons ou maus, o sexo masculino mostrava forte relação com a make-up. A partir da Idade Média, esta tendência esmoreceu, uma vez que passou a ser vista como pouco divina. O Ocidente começou a olhar para a maquilhagem como uma prática exclusivamente feminina, e o estereótipo espalhou-se como um vírus.

«Os homens começam a igualar-se às mulheres no consumo diário de cosméticos»
Atualmente, as tendências estão a regressar às origens. A cosmética masculina é, agora, uma vertente em expansão, que está a dar lugar a mudanças de paradigma numa indústria convencionalmente feminina, «os homens começam a igualar-se às mulheres no consumo diário de cosméticos, considero até que começam a ter mais cuidados do que a figura feminina», afirma o maquilhador Henrique Salvador, habituado ao contacto com figuras internacionais dos quatro cantos do mundo.  Um estudo feito pela consultoria Grand View Research, em 2019, revelou que o mercado de cosmética masculino rondou o valor mundial de 39.000 milhões de euros. No mesmo ano, a L’Óreal Portugal provou que 75% dos homens portugueses utilizavam produtos de beleza, embora 64% continuasse a utilizar gamas unissexo. De mãos dadas com as novas inclinações, marcas conceituadas como a Chanel dão resposta às necessidades de um público em ascensão, lançando coleções de produtos inteiramente masculinos. Um outro exemplo é a War Paint, que coloca o sexo masculino como protagonista dos seus produtos, dedicando-se à venda de maquilhagem exclusivamente para este género. Outras marcas como Tom Ford, Menaji, Jean Paul Gaultier e Myego seguem as mesmas pisadas.

Em 2019 (...) o mercado de cosmética masculino rondou o valor mundial de 39.000 milhões de euros
O que é certo é que o mundo digital tem tido um papel ativo no combate de um estereótipo vincado na sociedade. «Antigamente, via o homem a usar um corretor de olheiras, hoje vejo-o a maquilhar os seus olhos num direto do Instagram. Esta nova geração vê as coisas de maneira diferente.» Vozes de maquiadores e influenciadores têm sido ouvidas por milhões de espectadores, o que, efetivamente, impulsiona o lado destemido de muitas figuras masculinas pelo mundo fora. «As coisas estão a mudar. No meu trabalho tenho sempre muitos homens para maquilhar, já tive presidentes de bancos e escritores a requisitar os meus serviços.» A afirmação da liberdade e igualdade de género através da cosmética tem ganho forma e tamanho com movimentos virtuais, famosos com poder oratório, influenciadores e marcas, e o resultado... bem, transcende os likes e vendas, uma vez que está a originar rotura de ideias pré-concebidas e o desenvolvimento e adaptação da indústria cosmética ao mundo moderno.
T. Joana Rebelo
F. Direitos Reservados