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O valor do luxo

Um conceito em mudança

PMMEDIA Pub.
F. Direitos Reservados
O luxo é um domínio inesgotável, controverso, que sempre serviu de objeto de estudo a filósofos e autores pela curiosidade que desperta em redor da sua existência. As definições que o envolvem são incomensuráveis. Os dicionários formais afirmam ser a «ostentação da riqueza», «qualquer bem ou objeto de custo elevado». Já Voltaire percecionava o luxo como um símbolo de crescimento de uma nação, ao passo que Rousseau defendia ser a ociosidade e a vaidade do Homem, corrompendo os costumes e enfraquecendo a virtude. A frase «algumas pessoas julgam que o luxo é o contrário de pobreza. Não é. É o contrário de vulgaridade» também ficou conhecida nos discursos de Coco Chanel. Além dos incontáveis significados, importará comparar a simbologia do luxo atual com a dos primórdios da humanidade. No início, era sobre o espírito. Não começou pelos bens de preço elevado ou pelo fausto, mas em nome da generosidade, de uma relação de reciprocidade que o luxo simbolizava entre os mundanos e o transcendente. Aos deuses, ofereciam talismãs e objetos de culto que, por mais preciosos que fossem, não tinham valor monetário. E assim se manteve até à Antiguidade, altura em que as ligações de partilha se transformaram em relações de subordinação. 
F. Direitos Reservados
Até hoje, o conceito da palavra envolve raridade, materialismo e sumptuosidade, além dos códigos e comportamentos que lhe estão associados. Porém, as mutações que a palavra tem vindo a sofrer são surpreendentes. Se questionadas, diferentes pessoas responderão noções de luxo distintas. Para muitas, é respirar ar puro, longe da cidade e no coração da natureza. Para outras, é sentir o cheiro a lenha molhada ou o aroma inconfundível a maresia. Há quem diga que é o detalhe de um guardanapo a linho, bordado à mão, uma experiência de salto de paraquedas ou estar descalço no jardim, com tempo para não fazer planos. Talvez o novo luxo não seja tanto sobre ter, mas sobre ser, quiçá seja este o novo paradigma. Mas abordar em palavras uma temática tão complexa parece redutor, pelo que convidamos duas figuras conhecidas do público a representar, através de uma fotografia, o conceito mais intimista e pessoal de luxo. Entre a «máquina ideal» e a joia como «símbolo de arte», vejamos as reflexões do aclamado fotógrafo Alfredo Cunha e de Mónica Seabra, uma das maiores especialistas no segmento do luxo em Portugal.
Alfredo Cunha 
Não me posso dar ao luxo de ter luxos.
Desde 1973 que trabalho com diversos equipamentos, sou um fotógrafo que gosta de máquinas fotográficas, mas a Leica tem estado sempre presente na minha vida profissional. Pode parecer um luxo, mas não é, tratam-se apenas de ferramentas fotográficas de alta precisão muito necessárias para o meu trabalho.
Desde sempre que procuro a câmara ideal... Acho sempre que é a próxima! Se calhar já tive várias... É esse o papel da Leica na minha vida, o de ser a máquina ideal, e tem sido, pelo menos não me sinto confortável se não a tiver por perto.
Hoje, existem Leicas que são verdadeiras peças de coleção e valem milhões. A minha vale pelas imagens que consigo com ela. São mais de 50 anos de viagem...
Esta fotografia de 1975 com uma Leica M3 e uma objetiva de 50 mm, que ainda hoje trabalha e é compatível com câmaras atuais, é a prova de que não é um luxo, é um instrumento de trabalho.
Sendo assim, viva o luxo.
Alfredo Cunha
F. Alfredo Cunha
Alfredo Cunha
Mónica Seabra 
Hoje, quando se fala de luxo, fala-se de experiências. Mas o luxo, em qualquer das suas formas, nunca deixou de ser experiência. O que é uma joia, senão um objeto de exceção que serve os nossos sentidos? É puro deleite. Uma obra de arte com que adornamos o nosso corpo, enaltecendo quem somos. Para mim, uma joia é o símbolo supremo de um objeto de luxo. Não serve nenhuma necessidade básica, não tem nenhuma função a não ser a de servir as necessidades superlativas que os humanos possuem e que são as que os distinguem dos demais animais – desde a necessidade de contemplar, de apreciar, de buscar o EXTRA-ordinário, o belo, o sublime, o refinamento, o conforto... Até o mais miserável dos mendigos tem uma ideia de luxo, já dizia Shakespeare. 
A joia que decidi associar ao conceito de luxo é um tributo ao navegador Vasco da Gama e à ponte que carrega o seu nome e atravessa Lisboa. Uma junção entre arquitetura, joalharia e Portugal. A pedra, uma água marinha de um azul sublime, evoca o mar português e o rio Tejo. A peça chama-se, simplesmente, VASCO e foi desenhada pelo joalheiro francês que habita Fontainebleau, Cipriano Martins, sendo um olhar diferente sobre os símbolos do país que também traz no sangue. Uma joia é um equilíbrio perfeito entre técnica e arte. Uma superação humana na técnica, um símbolo de arte na criatividade e um milagre da natureza nas pedras que contam histórias milenares.  
Mónica Seabra
F. Direitos Reservados
Mónica Seabra
Joia VASCO
F. Laurentfau
Joia VASCO
T. Joana Rebelo
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