Viveu 19 anos em Portugal, embora o seu lar seja Luanda. Filha de mãe de Lubango e pai de Kwanza-Sul, Alexandra Simeão é fruto das suas vivências e aprendizagens, tendo nascido no seio de uma família que sempre ambicionou mais e melhor para a gente do seu país. Multifacetada, passou por vários cargos de renome, tendo sido Vice-Ministra da Educação durante 11 anos. É, hoje, uma mulher diferente, «mais profunda e menos tolerante ao absurdo e ao acessório». Fique connosco, numa entrevista emocionante que suscita duras reflexões sobre a Mulher angolana e a Educação que vigora no país.
Fale-nos das suas raízes. Sabemos que nasceu em Luanda.
Nasci em Luanda. A família da minha mãe, Anália de Victória Pereira, é do Lubango e a do meu pai, Manolo Simeão, é do Kuanza-Sul. Cresci em Luanda e em 1975 fui para Portugal. Vivi lá até 1994.
É licenciada em Estudos Artísticos, mas, entre 1997 e 2008, desempenhou funções de Vice-Ministra da Educação. Como ocorreu esta transição para o mundo da política?
Nasci numa família que questionava tudo, de gente decente que sempre pensou o país e se envolveu na construção de um sítio feliz, para todos. Então, desde criança que ouvia os meus pais, tios e os seus amigos a falarem de política, em conspirações que fizessem nascer o bem e em formas de o poder tornar universal. Por isso, olhar para o país passou a ser uma prioridade, uma segunda pele, um interesse que se sobrepunha aos outros, à exceção da literatura. Portanto, não foi uma queda para dentro de um mundo novo, foi apenas o aprimorar de uma consciência que nasceu na infância, se tornou adulta e ganhou voz. Entrei no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional por ser militante do PLD, como prémio por ter participado ativamente e contribuído de forma afincada para a eleição de três deputados em 1992.
Atualmente, como se encontra a saúde da educação no país? E como a deixou antes de sair?
Em 1997, ainda havia guerra em Angola, tendo terminado apenas em 2002. Durante os seis anos de conflito, a educação não teve grande oportunidade de mudança, pois a grande preocupação residia em reconstruir os mais de 10 mil espaços letivos que tinham deixado de existir. Nesse tempo, existiam três turnos para os alunos diurnos, o que impedia que as crianças pudessem cumprir o exigido de um programa. Então, a construção de novos espaços letivos e a reconstrução de escolas que tinham sido destruídas foi a prioridade.
A minha área era responsável pela Ação Social Escolar, que nunca teve um orçamento em 12 anos. Por isso, foi preciso usar a imaginação e a credibilidade pessoal para fazer acontecer projetos que deveriam melhorar a qualidade de vida do aluno. O primeiro foi o Programa de Alimentação Escolar, que apresentei ao PAM (Programa Alimentar Mundial da ONU) e que foi aceite, desde que começássemos nos campos de refugiados. A partir dali, trouxemos as crianças das aldeias vizinhas aos campos e, aos poucos, fomos saindo de lá e concentrando a operação nas zonas onde ainda havia guerra. As mães das crianças cozinhavam e recebiam comida para levarem para casa e, como por magia, milhares de famílias passaram a ter uma refeição decente por dia. As crianças que levavam os irmãos mais pequenos para a escola também eram lá alimentadas. Foi a minha maior criação e foi feita com um tremendo sentimento de pertença. Eu engravidei do meu primeiro filho em 1998 e ia nos aviões do PAM visitar todos os locais onde o programa estava a acontecer. Motivar as pessoas e ser ombro e ouvidos para entender as suas dores constrói coragem para unir toda a gente à volta de um projeto. O programa durou até 2006, altura em que o PAM deixou de considerar Angola um país com necessidades emergentes, visto que a guerra já tinha terminado. Para além deste, desenvolvi programas no domínio da saúde escolar, bibliotecas escolares e desporto escolar, e ainda diversos programas de melhoria do espaço escolar, como, por exemplo, «Uma Carteira, Um Sorriso».
«O país cresce em ilhas»
O que ainda urge melhorar no setor?
Hoje, o problema da educação é a inexistência de atualidade e rumo. Não existe um caminho traçado que permita perceber que país pretendemos ser daqui a 20 ou 30 anos, por isso, a preocupação com a Educação reside apenas na construção de salas de aula e na compra de manuais escolares. Mas a escola, enquanto instituição social, não está a acontecer. A maioria das escolas angolanas não tem água, casas de banho, bibliotecas ou sequer um espaço de recreio que permita brincar de forma pedagógica ou fazer desporto. O próprio conteúdo educativo não cumpre com nenhuma função que fortaleça competências das crianças para além do tradicional; está obsoleto. Resumindo, a educação em Angola está doente e sem ninguém que a torne na principal instituição social do país.
A vertente das Artes conferiu-lhe uma outra sensibilidade para o olhar político?
A Arte vê sempre o mundo com amor e, portanto, a política tem de ter esta premissa como modo de atuação: olhar o outro, sentir a sua dor e resolvê-la. O fim último da política é construir a felicidade e o bem-estar coletivos. É construir um país para todos. Uma vida sem Arte é uma vida menor em todos os sentidos.
Enquanto empreendedora, que projetos se encontra a desenvolver?
Neste momento, faço parte de uma organização que se chama HANDEKA, que em língua nacional Nganguela quer dizer «dar voz ao que não tem voz», e serve para dar voz às causas que não são ouvidas, apesar de prioritárias. Entre elas, está a Educação. Também fui convidada pelo Professor Doutor Alves da Rocha, Diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola – CEIC, para participar, como investigadora, em assuntos relacionados com a Educação nos Relatórios Social e Económico que o CEIC produz, todos os anos. Além disso, escrevo semanalmente uma crónica no Novo Jornal em Angola, sobre questões políticas e sociais, participo em inúmeras palestras e conferências e tenho um projeto de escrita pessoal com os meus livros.
Hoje, considera-se a mesma Alexandra Simeão de há 25 anos? Se não, o que mudou?
Claro que não sou a mesma Alexandra. Felizmente. Ficaria chocada se olhasse para mim e visse a mesma pessoa, porque a vida coloca-nos num patamar diferente em todos os sentidos. Vemos as coisas de forma diferente e num outro ângulo, assente noutra maturidade, fruto de novas experiências. Sou mais sensível, mais profunda e menos tolerante ao absurdo e ao acessório. Sou muito mais desprendida, consciente do dever de deixar o mundo melhor do que o encontrei. Sou muito mais rigorosa na gestão da utilidade do meu tempo e do meu espaço. Leio numa nova direção. Escrevo com o coração. E tenho a certeza de que, daqui a 10 anos, me conseguirei surpreender com novos interesses e novos caminhos e com a forma como olharei para o mundo, que muda a uma velocidade estonteante. Enfim, ser a mesma toda a vida teria sido uma enorme tortura. Não teria ganhado asas.
«A Educação em Angola está doente»
Com uma experiência de 56 anos, diga-nos como é ser mulher na sociedade angolana.
Em Angola, temos várias mulheres. Infelizmente, a maioria não está em nenhum lugar de conforto. Estas mulheres, que são as responsáveis pela agricultura familiar, que é apenas de subsistência, e as que vendem nos mercados informais, que muitas vezes são pai e mãe de vários filhos, nunca são nenhuma prioridade. Elas lutam todos os dias por um prato de comida. O resto é acessório, pois nunca chega. São igualmente torturadas pela ausência de escolaridade e pela dureza da sua atividade, que não constrói nenhuma salvaguarda para a velhice, uma vez que não terão reforma. Depois, temos as mulheres escolarizadas, com profissões e mais bem remuneradas, que se encaixam em cargos públicos, liberais e intelectuais. Nenhum destes mundos se cruza. E o país cresce em ilhas. Mas a todas estas mulheres falta um país que as proteja da violência doméstica, das doenças femininas por falta de rastreios (em caso de doença oncológica, por falta de capacidade local que lhes garanta o tratamento adequado) e de uma maternidade com segurança, que lhes salve os filhos que morrem por falta de assistência hospitalar eficaz. Há ainda um longo caminho a percorrer para garantir felicidade e segurança à Mulher angolana.
No que toca à igualdade de género, o país tem caminhado a passos largos?
Se estivermos a falar da presença de muitas mulheres em cargos de chefia, como nos tribunais, no governo, na presidência e nas empresas públicas e privadas, sim, têm existido avanços. Mas o país não se resume apenas a estas mulheres. As que menos têm, e que são a maioria, continuam invisíveis e abandonadas.
«A todas estas mulheres falta um país que as proteja»
Qual a figura feminina que mais admira?
A minha Mãe. Foi um verdadeiro exemplo, com o qual aprendi a ter coragem, a não desistir, a acreditar nos meus sonhos, a sentir a dor do outro e a ouvir com o coração. Foi com ela que aprendi que há sempre uma solução, que a humildade é uma tremenda ferramenta nesta vida, e que não há limite para o que desejamos fazer, desde que acreditemos e nos emprenhemos. Ela foi a primeira mulher em África a candidatar-se a uma eleição presidencial. Foi a primeira mulher chefe de uma bancada parlamentar em Angola e a primeira presidente de um partido político. Mas foi da mão dela que nasceram sempre os melhores sorrisos, pela abundância da sua solidariedade. No colo dela e na sua panela cabiam multidões. A saudade será eterna, mas o agradecimento por tudo o que sou é diário.
Se pudesse deixar uma mensagem às mulheres de Angola e de todo o mundo, qual seria?
Somos como os embondeiros, partimos, mas não vergamos. Somos resilientes, íntegras, trabalhadoras e excelentes mães. O conselho é: nunca permitam que alguém vos faça sentir inferiores ou vos impeça de abrir as asas a caminho dos vossos sonhos ou da vossa paz.
Celebramos o 13.º aniversário da revista Villas&Golfe, em Angola. O que representaram, para si, estes últimos anos na sua vida e no país?
Felicito a revista Villas&Golfe pela qualidade do vosso trabalho, que leva as mais belas imagens de Angola para o mundo; pela vossa consciência, que dá voz à pluralidade; e pela defesa da natureza. A Villas&Golfe é uma revista que faz da Arte parte integrante da linha editorial e que fala e mostra Angola com muito amor. Bem hajam e parabéns.
Fale-nos das suas raízes. Sabemos que nasceu em Luanda.
Nasci em Luanda. A família da minha mãe, Anália de Victória Pereira, é do Lubango e a do meu pai, Manolo Simeão, é do Kuanza-Sul. Cresci em Luanda e em 1975 fui para Portugal. Vivi lá até 1994.
É licenciada em Estudos Artísticos, mas, entre 1997 e 2008, desempenhou funções de Vice-Ministra da Educação. Como ocorreu esta transição para o mundo da política?
Nasci numa família que questionava tudo, de gente decente que sempre pensou o país e se envolveu na construção de um sítio feliz, para todos. Então, desde criança que ouvia os meus pais, tios e os seus amigos a falarem de política, em conspirações que fizessem nascer o bem e em formas de o poder tornar universal. Por isso, olhar para o país passou a ser uma prioridade, uma segunda pele, um interesse que se sobrepunha aos outros, à exceção da literatura. Portanto, não foi uma queda para dentro de um mundo novo, foi apenas o aprimorar de uma consciência que nasceu na infância, se tornou adulta e ganhou voz. Entrei no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional por ser militante do PLD, como prémio por ter participado ativamente e contribuído de forma afincada para a eleição de três deputados em 1992.
Atualmente, como se encontra a saúde da educação no país? E como a deixou antes de sair?
Em 1997, ainda havia guerra em Angola, tendo terminado apenas em 2002. Durante os seis anos de conflito, a educação não teve grande oportunidade de mudança, pois a grande preocupação residia em reconstruir os mais de 10 mil espaços letivos que tinham deixado de existir. Nesse tempo, existiam três turnos para os alunos diurnos, o que impedia que as crianças pudessem cumprir o exigido de um programa. Então, a construção de novos espaços letivos e a reconstrução de escolas que tinham sido destruídas foi a prioridade.
A minha área era responsável pela Ação Social Escolar, que nunca teve um orçamento em 12 anos. Por isso, foi preciso usar a imaginação e a credibilidade pessoal para fazer acontecer projetos que deveriam melhorar a qualidade de vida do aluno. O primeiro foi o Programa de Alimentação Escolar, que apresentei ao PAM (Programa Alimentar Mundial da ONU) e que foi aceite, desde que começássemos nos campos de refugiados. A partir dali, trouxemos as crianças das aldeias vizinhas aos campos e, aos poucos, fomos saindo de lá e concentrando a operação nas zonas onde ainda havia guerra. As mães das crianças cozinhavam e recebiam comida para levarem para casa e, como por magia, milhares de famílias passaram a ter uma refeição decente por dia. As crianças que levavam os irmãos mais pequenos para a escola também eram lá alimentadas. Foi a minha maior criação e foi feita com um tremendo sentimento de pertença. Eu engravidei do meu primeiro filho em 1998 e ia nos aviões do PAM visitar todos os locais onde o programa estava a acontecer. Motivar as pessoas e ser ombro e ouvidos para entender as suas dores constrói coragem para unir toda a gente à volta de um projeto. O programa durou até 2006, altura em que o PAM deixou de considerar Angola um país com necessidades emergentes, visto que a guerra já tinha terminado. Para além deste, desenvolvi programas no domínio da saúde escolar, bibliotecas escolares e desporto escolar, e ainda diversos programas de melhoria do espaço escolar, como, por exemplo, «Uma Carteira, Um Sorriso».
«O país cresce em ilhas»
O que ainda urge melhorar no setor?
Hoje, o problema da educação é a inexistência de atualidade e rumo. Não existe um caminho traçado que permita perceber que país pretendemos ser daqui a 20 ou 30 anos, por isso, a preocupação com a Educação reside apenas na construção de salas de aula e na compra de manuais escolares. Mas a escola, enquanto instituição social, não está a acontecer. A maioria das escolas angolanas não tem água, casas de banho, bibliotecas ou sequer um espaço de recreio que permita brincar de forma pedagógica ou fazer desporto. O próprio conteúdo educativo não cumpre com nenhuma função que fortaleça competências das crianças para além do tradicional; está obsoleto. Resumindo, a educação em Angola está doente e sem ninguém que a torne na principal instituição social do país.
A vertente das Artes conferiu-lhe uma outra sensibilidade para o olhar político?
A Arte vê sempre o mundo com amor e, portanto, a política tem de ter esta premissa como modo de atuação: olhar o outro, sentir a sua dor e resolvê-la. O fim último da política é construir a felicidade e o bem-estar coletivos. É construir um país para todos. Uma vida sem Arte é uma vida menor em todos os sentidos.
Enquanto empreendedora, que projetos se encontra a desenvolver?
Neste momento, faço parte de uma organização que se chama HANDEKA, que em língua nacional Nganguela quer dizer «dar voz ao que não tem voz», e serve para dar voz às causas que não são ouvidas, apesar de prioritárias. Entre elas, está a Educação. Também fui convidada pelo Professor Doutor Alves da Rocha, Diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola – CEIC, para participar, como investigadora, em assuntos relacionados com a Educação nos Relatórios Social e Económico que o CEIC produz, todos os anos. Além disso, escrevo semanalmente uma crónica no Novo Jornal em Angola, sobre questões políticas e sociais, participo em inúmeras palestras e conferências e tenho um projeto de escrita pessoal com os meus livros.
Hoje, considera-se a mesma Alexandra Simeão de há 25 anos? Se não, o que mudou?
Claro que não sou a mesma Alexandra. Felizmente. Ficaria chocada se olhasse para mim e visse a mesma pessoa, porque a vida coloca-nos num patamar diferente em todos os sentidos. Vemos as coisas de forma diferente e num outro ângulo, assente noutra maturidade, fruto de novas experiências. Sou mais sensível, mais profunda e menos tolerante ao absurdo e ao acessório. Sou muito mais desprendida, consciente do dever de deixar o mundo melhor do que o encontrei. Sou muito mais rigorosa na gestão da utilidade do meu tempo e do meu espaço. Leio numa nova direção. Escrevo com o coração. E tenho a certeza de que, daqui a 10 anos, me conseguirei surpreender com novos interesses e novos caminhos e com a forma como olharei para o mundo, que muda a uma velocidade estonteante. Enfim, ser a mesma toda a vida teria sido uma enorme tortura. Não teria ganhado asas.
«A Educação em Angola está doente»
Com uma experiência de 56 anos, diga-nos como é ser mulher na sociedade angolana.
Em Angola, temos várias mulheres. Infelizmente, a maioria não está em nenhum lugar de conforto. Estas mulheres, que são as responsáveis pela agricultura familiar, que é apenas de subsistência, e as que vendem nos mercados informais, que muitas vezes são pai e mãe de vários filhos, nunca são nenhuma prioridade. Elas lutam todos os dias por um prato de comida. O resto é acessório, pois nunca chega. São igualmente torturadas pela ausência de escolaridade e pela dureza da sua atividade, que não constrói nenhuma salvaguarda para a velhice, uma vez que não terão reforma. Depois, temos as mulheres escolarizadas, com profissões e mais bem remuneradas, que se encaixam em cargos públicos, liberais e intelectuais. Nenhum destes mundos se cruza. E o país cresce em ilhas. Mas a todas estas mulheres falta um país que as proteja da violência doméstica, das doenças femininas por falta de rastreios (em caso de doença oncológica, por falta de capacidade local que lhes garanta o tratamento adequado) e de uma maternidade com segurança, que lhes salve os filhos que morrem por falta de assistência hospitalar eficaz. Há ainda um longo caminho a percorrer para garantir felicidade e segurança à Mulher angolana.
No que toca à igualdade de género, o país tem caminhado a passos largos?
Se estivermos a falar da presença de muitas mulheres em cargos de chefia, como nos tribunais, no governo, na presidência e nas empresas públicas e privadas, sim, têm existido avanços. Mas o país não se resume apenas a estas mulheres. As que menos têm, e que são a maioria, continuam invisíveis e abandonadas.
«A todas estas mulheres falta um país que as proteja»
Qual a figura feminina que mais admira?
A minha Mãe. Foi um verdadeiro exemplo, com o qual aprendi a ter coragem, a não desistir, a acreditar nos meus sonhos, a sentir a dor do outro e a ouvir com o coração. Foi com ela que aprendi que há sempre uma solução, que a humildade é uma tremenda ferramenta nesta vida, e que não há limite para o que desejamos fazer, desde que acreditemos e nos emprenhemos. Ela foi a primeira mulher em África a candidatar-se a uma eleição presidencial. Foi a primeira mulher chefe de uma bancada parlamentar em Angola e a primeira presidente de um partido político. Mas foi da mão dela que nasceram sempre os melhores sorrisos, pela abundância da sua solidariedade. No colo dela e na sua panela cabiam multidões. A saudade será eterna, mas o agradecimento por tudo o que sou é diário.
Se pudesse deixar uma mensagem às mulheres de Angola e de todo o mundo, qual seria?
Somos como os embondeiros, partimos, mas não vergamos. Somos resilientes, íntegras, trabalhadoras e excelentes mães. O conselho é: nunca permitam que alguém vos faça sentir inferiores ou vos impeça de abrir as asas a caminho dos vossos sonhos ou da vossa paz.
Celebramos o 13.º aniversário da revista Villas&Golfe, em Angola. O que representaram, para si, estes últimos anos na sua vida e no país?
Felicito a revista Villas&Golfe pela qualidade do vosso trabalho, que leva as mais belas imagens de Angola para o mundo; pela vossa consciência, que dá voz à pluralidade; e pela defesa da natureza. A Villas&Golfe é uma revista que faz da Arte parte integrante da linha editorial e que fala e mostra Angola com muito amor. Bem hajam e parabéns.