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· Indústria Alimentar · · T. Cristina Freire

Diogo Caldas

«Produzimos marcas em Angola para os angolanos»

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Licenciado em Gestão de Empresas, pela Universidade Católica Portuguesa, Diogo Caldas é, desde 2018, Chief Executive Officer da Refriango, empresa especializada, há mais de duas décadas, na produção e distribuição de refrigerantes, como sumos, águas, bebidas energéticas e bebidas alcoólicas. Posicionada como uma das maiores indústrias a operar em Angola, detém também várias marcas internacionais, sendo algumas líderes de mercado no seu segmento. A avançada tecnologia, o exímio controlo de qualidade certificado, em conjunto com frota própria de distribuição, fazem desta empresa uma referência no continente africano.

 

Hoje o portefólio da empresa é vasto, mas como era há 20 anos?
A Refriango tem origem com a criação de uma empresa que distribuía e comercializava produtos alimentares e bebidas importadas. Mas, no início dos primeiros anos deste século, verificou-se que havia oportunidade para investir na produção local de bebidas e, em 2005, foi inaugurada uma unidade fabril no Kikuxi, província de Luanda, apenas com uma linha de enchimento. É nesta época que aparece o Blue, o refrigerante mais conhecido em Angola. A Refriango sempre primou por desenvolver marcas próprias e produtos de qualidade e por inovar. São estes os pilares da empresa – inovação, qualidade e diversidade dos produtos ao gosto do consumidor.

E assim foram aumentando a carteira de produtos...
Sim, depois surgiram outras marcas em vários segmentos como a água Pura, os sumos Nutri e Tutti, a bebida energética Speed e, para crianças, o sumo Kuia. Em simultâneo, fomos aumentando a capacidade industrial, o objetivo era ir ao encontro das necessidades do país e isso levou-nos à liderança de mercado na categoria das bebidas não alcoólicas. Produzimos produtos reconhecidos há vários anos, internacionalmente já ganhámos várias medalhas, muito pela grande aposta no controlo de qualidade, onde houve sempre grande investimento. Temos o único laboratório de indústria certificado em Angola com o ISO 1725 e também certificação alimentar ISO 22000. Ao longo dos anos, sempre produzimos marcas em Angola para os angolanos.

«A Refriango sempre primou pelo desenvolvimento de marcas próprias»

Ao visitar a fábrica percebemos, que as bebidas ficam em quarentena. Qual é a razão?
De facto, uma palavra tão ouvida nos dias de hoje também se aplica aqui. Esta é uma regra de boas práticas e de qualidade, fazemos a retirada das amostras diretamente das linhas de enchimento para que os produtos sejam verificados em termos microbiológicos. Mas os resultados não saem de imediato, há uns que demoram 48 horas, outros 5 dias e outros precisam de 12 dias, por isso têm de ficar em quarentena até ao resultado final das amostras. Só assim podemos atestar que o produto está em conformidade para seguir para o mercado.

As vossas marcas podem ser encontradas nas províncias fora de Luanda?
Sem dúvida. A Refriango foi crescendo e aumentando a capacidade industrial, alargando a sua presença em Luanda e noutras províncias. Temos estrutura própria de pessoas e veículos para distribuição. A nossa frota comporta mais de 400 veículos, permitindo um serviço eficiente. Em menos de 24 horas entregamos produtos em Luanda e em 62 horas nas províncias.

«Temos o único laboratório de indústria certificado em Angola com o ISO 1725»

Também fecharam parcerias para distribuição de bebidas internacionais...
Fruto do nosso trabalho e das nossas competências no setor comercial, distribuição e de marketing, fechámos uma parceria, em 2012, com a Moët Hennessy, que detém as marcas de champanhe Veuve Clicquot, Moët & Chandon e Dom Pérignon. Isto permitiu que entrássemos, a nível de distribuição, num segmento mais alto. Também nessa época ficamos parceiros da Diageo que é a maior multinacional de espirituosas, tornando-nos distribuidores dos whiskeys Johnnie Walker, Vat 69 e JB, do gin Gordon´s e da vodka Smirnoff. Assim, entrámos em novos segmentos de mercado onde não estávamos presentes.

Foi também nesta década que criaram uma cerveja...
Quando a crise começou, vimos oportunidade de entrar no segmento das cervejas, onde não tínhamos presença e este é, em termos de bebidas alcoólicas, o de maior consumo em Angola. Foi uma estratégia para fazer face ao poder de compra que baixou. No final de 2014, avançámos com a construção da fábrica de cerveja, que é uma das mais modernas, em termos de tecnologia, em África. E 17 meses depois, Angola viu nascer a Tigra, com um posicionamento moderno, face àquilo que era o monopólio que havia na época, neste segmento.

«Quando a crise começou, vimos oportunidade de entrar no segmento das cervejas»

Foi uma década cheia e com mais novidades em relação à produção de outros produtos.
Sem dúvida, porque em 2018 avançámos com uma join venture com o nosso parceiro Diageo e passámos a produzir Smirnoff, Gordon´s e Vat 69, entre outras marcasfabricadas em Inglaterra e Irlanda que importávamos. Este avanço permitiu-nos ser mais competitivos, crescer no mercado angolano e africano e, ao mesmo tempo, criar mais postos de trabalho. Atualmente temos cerca de 2200 pessoas a trabalhar connosco. A unidade fabril está implementada em 600 mil metros quadrados, acolhendo fábricas independentes consoante os produtos que comercializamos. Ao todo são 27 linhas de enchimento com uma capacidade total de 2.5 mil milhões de litros de produção anual.

E já definiram o plano estratégico até 2025. Onde haverá novidades?
Pretendemos crescer no segmento cervejeiro, por isso estabelecemos uma parceria com o Super Bock Group para fabricarmos em Angola a Super Bock e a Cristal, ambas cervejas bem conhecidas e apreciadas pelos angolanos. Em simultâneo, fechámos uma parceria com a Coca Cola Company e já temos no mercado o Minute Maid. Foi um privilégio para nós termos sido escolhidos para representar este produto que apareceu nos EUA em 1945. E haveremos de ter outros produtos da Coca Cola Company. Esperamos continuar a crescer, para aumentarmos os postos de trabalho, levar aos angolanos produtos que vão ao encontro do seu gosto e continuarmos com as nossas ações de Responsabilidade Social, onde, entre muitas, destaco o Voleiblue, um projeto que teve início há dez anos, estando agora em 11 escolas de Luanda e contando com mais de três mil atletas que têm tido excelentes resultados.

F. Edson Azevedo
F. Edson Azevedo
F. Edson Azevedo
F. Edson Azevedo
F. Edson Azevedo
T. Cristina Freire