Villas&Golfe Angola
· Gestor, CEO Toyota Angola  · · T. Joana Rebelo · F. Edson Azevedo

Nuno Borges

«Os veículos a hidrogénio serão o futuro»

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São mais de 30 anos como gestor da Toyota em Angola, a atual CFAO Motors Angola, S.A. Ninguém conhece melhor do que ele, quando o assunto envolve a marca japonesa, carros elétricos e a locomoção a hidrogénio. Visionário e seguro de si, ei-lo, Nuno Borges, a figura que foi condecorada pelo governo japonês, devido ao poder unitário que exerce entre as relações bilaterais Angola-Japão. Na sua agenda atarefada, reservou um tempo para dialogar sobre o que mais o impulsiona: a Toyota. 

Tem contribuído para a gestão da CFAO Motors Angola, S.A., há mais de 28 anos. Conte-nos os marcos mais importantes da empresa até aos dias que correm.
Começando pelo acontecimento mais difícil, não posso deixar de referir o período pós-eleitoral de 1992, em que vivemos momentos de grande incerteza entre paz e ameaça de guerra, esta que acabou por eclodir no final do mesmo ano. Foi desafiante manter a empresa ativa em circunstâncias tão difíceis, não só durante esse período, como nos anos que se sucederam. No que diz respeito aos momentos mais positivos, destacaria a abertura da nova sede, em 2005, onde ainda nos encontramos, assim como o enorme crescimento registado entre os anos 2007 e 2008, em paralelo com o crescimento do PIB angolano e o aumento do preço do petróleo no mercado internacional.  

O setor automóvel tem atravessado mudanças significativas ao nível da mecanização e tecnologia. Aliás, a marca Toyota anunciou a futura eletrificação total dos seus modelos. Falamos de mudanças a que níveis?
É verdade que desde que a Toyota lançou o modelo híbrido Prius, em 1997, se tem verificado um enorme progresso tecnológico, com destaque para os veículos totalmente elétricos e, mais recentemente, o desenvolvimento de modelos movidos a hidrogénio. A Toyota acredita que os veículos a hidrogénio serão o futuro para atingir a neutralidade carbónica e que os veículos elétricos terão um grande crescimento nos próximos anos, principalmente a partir de 2027. Nessa altura, a Toyota estará já a produzir baterias de alto desempenho, com autonomia até 1200 km e com a possibilidade de carregamento em 10 minutos.

«Os veículos elétricos terão um grande crescimento nos próximos anos»
Em 2020, foi condecorado com a Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro com Roseta, pelo governo japonês. O que simbolizou para si esta congratulação?
É sempre um orgulho receber reconhecimento por aquilo que faço, ainda para mais quando está inerente uma contribuição para o desenvolvimento das relações políticas e empresariais entre dois países tão importantes para mim, como o são Angola e Japão. É um incentivo para fazer ainda melhor. 

De que forma tem contribuído para a promoção da relação bilateral Angola-Japão e quais as vantagens para os envolvidos?
Notamos que as relações políticas, comerciais e de apoio e ajuda financeira têm estado a crescer. O Presidente João Lourenço fez a sua segunda visita ao Japão, em março deste ano, tendo sido a primeira visita oficial. A JICA (Agência de Cooperação Japonesa) tem proporcionado vários tipos de cooperação e ajuda a Angola, o JBIC (Banco do Japão) já financiou importantes projetos no nosso país, estando, neste momento, a decorrer o da reabilitação e expansão do porto Sacomar (porto mineiro) e o do porto comercial do Namibe. Existe também uma cooperação importante na área da desminagem, já há alguns anos. E, portanto, estes são alguns exemplos do que tem sido a cooperação entre ambos os países. 

No quadro da responsabilidade social, qual é a estratégia implementada pela CFAO Motors Angola, S.A.?
A Toyota de Angola (agora CFAO Motors Angola) fundou a Academia Toyota em 2020, em conjunto com o INEFOP (Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional) e sob tutela do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social. Através da Academia, já se procedeu à formação qualificada de formadores na área da mecatrónica. Continua a ocorrer a cooperação com o Cinfotec, nas áreas de formação de mecânica auto. Fez-se a doação de dois Land Cruiser à Fundação Kissama, como apoio à proteção da Palanca Negra. Cooperou-se com fundos e meios de transporte para a desminagem, tal como para várias áreas da saúde, sendo que a última ajuda se baseou na oferta de um Land Cruiser especialmente equipado para o transporte de vacinas.
T. Joana Rebelo
F. Edson Azevedo