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· Setor Publicitário
· · T. Maria Cruz

Paulo Cardoso

«A JCDecaux é uma empresa chave, de suma relevância para a economia e desenvolvimento do país»

PMMEDIA Pub.
Embora uma das suas paixões seja a aeronáutica, cedo começou a trabalhar no setor petrolífero, como engenheiro mecânico, na Total Energies, nos poços de offshore em Angola; passando depois para a Schlumberger, como engenheiro sénior de campo, no Brasil. Coordenou vários projetos industriais, assumiu o cargo de diretor-geral e administrador da farmacêutica multinacional GSK – GlaxoSmithKline e foi assessor do Ministro dos Transportes. Paulo Vieira Dias Cardoso formou-se Engenheiro Mecânico Industrial, em França, mas do seu curriculum académico fazem parte também o Mestrado em Mecânica Aeronáutica, concluído em Toulouse; o Mestrado em Petróleos e Gestão de Projetos, realizado em Paris, e o MBA em Gestão de Empresas, concretizado em Lisboa. Atualmente, é o diretor-geral da multinacional JCDecaux, em Angola, uma das maiores empresas do mundo no que diz respeito a outdoors e publicidade de exterior. Coleciona notas de todo o mundo. E outro dos seus entusiasmos é a leitura. 12 Regras para a Vida – Um Antídoto para o Caos, de Jordan B. Peterson, é o livro que atualmente tem preenchido páginas da sua vida. 


Nesta edição falamos da indústria, nos mais diversos setores, por isso não podíamos deixar de falar da JCDecaux, uma empresa do setor publicitário que é uma referência em África e no mundo. Como se mantém vivo este setor? 
A JCDecaux, na indústria do setor publicitário, é a empresa líder mundial de publicidade outdoor. A empresa foi criada em 1964 em França, para prestar serviços com o direito de comercializar espaços publicitários, e criou o conceito de Mobiliário Urbano. Com presença em mais de 80 países e mais de 1 milhão de faces publicitárias em 3891 cidades, a rede global tem a capacidade de atingir grandes audiências, oferecendo soluções para campanhas publicitárias, cada vez mais inteligentes, dinâmicas, segmentadas e com foco em resultados, alcançando 410 milhões de pessoas em todo o mundo.
Em África, a JCDecaux tem presença em 24 países, sendo Angola o terceiro maior país do Grupo, e está entre as maiores empresas de oudoors, com estruturas em todo o país. O setor e negócio da comunicação publicitária em Angola valia cerca de 950 milhões de dólares, entre 2012 e 2013, como espelham os resultados de uma análise feita pela APM – Associação Angolana de Empresas de Publicidade e Marketing. Desde 2014, o setor sofreu quebras sucessivas nas suas receitas, com o início da crise económica, financeira e cambial, pela baixa do preço do petróleo, e o caso agravou-se drasticamente por causa da pandemia da COVID-19 em 2020, causando uma quebra de até 75% das receitas. A JCDecaux Angola, não fugindo a esta tendência do mercado, teve igualmente reduções de receitas, mas, sendo uma estrutura consolidada no país, manteve-se na indústria através de parcerias sólidas. Existem boas perspetivas de crescimento, mas tudo depende da situação macroeconómica do país e da situação pandémica no mundo, agora com a nova variante Ómicron. 

Como tem sido o crescimento da empresa nos países onde estão presentes e, naturalmente, em Angola?
A JCDecaux, sendo uma multinacional com presença em mais de 80 países, tem marcado o mundo da publicidade trazendo soluções inovadoras, com tecnologia digital de ponta e uma vasta rede de serviços publicitários, desde aeroportos, bicicletas, centros comerciais, estruturas de rua, paragens de autocarros e cabines de toilette. Tendo um crescimento estruturado ao longo dos anos em cerca de 4%, a JCDecaux está cotada na Euronext, bolsa de valores de Paris, França. De acordo com o relatório da IPG Mediabrands, o OOH (Out Of Home outdoors – media exterior) é a media mais poderosa do setor, pois os consumidores não conseguem bloquear ou ignorar o conteúdo, como acontece nos meios digitais. 
Até 2019, antes da pandemia, a Ásia-Pacífico teve um crescimento de 13 biliões de dólares em vendas OOH. Isso tornou a região o maior mercado de media exterior do mundo à frente da Europa, Médio Oriente e África, com apenas 9 biliões de dólares, e dos Estados Unidos, com 8 biliões de dólares. Apenas no Japão, cerca de 4,6 biliões de dólares foram gastos na metade no ano de 2019, enquanto os gastos na China atingiram os 4 biliões de dólares. Na era pós-pandémica, o paradigma mudou, verificando-se um maior crescimento das plataformas digitais. 
Em Angola, a tendência não mudou. Houve uma redução do setor em 2020, mas com a abertura paulatina da economia, o OOH voltou a ganhar um posicionamento estratégico para as marcas angolanas de grande distribuição. A JCDecaux está posicionada para se manter no mercado angolano e abraçar as novas tendências dos consumidores. 

«EM ÁFRICA, A JCDECAUX TEM PRESENÇA EM 24 PAÍSES, SENDO ANGOLA O TERCEIRO MAIOR PAÍS DO GRUPO»

Qual a estratégia e a importância da JCDecaux na economia angolana?
marketing e a publicidade passaram a exercer grande influência naquilo que consumimos e no quanto consumimos em Angola. Na publicidade de OOH, o objetivo é atingir o maior número de consumidores confirmados ou converter pessoas em possíveis consumidores.  Sendo uma empresa de OOH, a JCDecaux é uma empresa chave, de suma relevância para a economia e desenvolvimento sustentável do país. A economia angolana precisa de empresas internacionais fortes, que possam investir e contribuir para o aumento das receitas fiscais e criação de empregos. 

A história da JCDecaux começa em 1964, por Jean-Claude Decaux. Hoje, ainda são levadas em conta as diretrizes propostas pelo fundador ou cada país/empresa tem a sua própria visão de negócio e estratégia? 
Em 1953, na cidade francesa de Beauvais, a norte de Paris, Jean-Claude Decaux, na altura com apenas 16 anos, acreditava firmemente na força que a publicidade tinha sobre as vendas de um produto. Certo dia, deixado a gerir a loja dos seus pais, enquanto foram de férias, resolve afixar cartazes na rua e promover o negócio da família. O efeito que a publicidade exterior teve foi imediatamente reconhecido em Beauvais e logo recebeu pedidos de outros lojistas para fazer o mesmo para eles. Começava assim a borbulhar na cabeça de Jean-Claude Decaux um novo negócio: o da promoção de produtos, usando mobiliário urbano.
A consolidação veio depois, em 1964. França dava passos largos em direção à urbanização do seu território. As pessoas transitavam do campo para a cidade, procurando melhores condições. Jean-Claude Decaux começou a dar particular importância aos movimentos dos novos moradores, sobretudo no que dizia respeito às deslocações de autocarro. Reparou que muitas pessoas tinham de esperar pelo seu transporte à chuva. Desenvolveu aí uma solução que seria benéfica para todos: instalou nas paragens de autocarros abrigos gratuitos, pedindo em troca exclusividade de exploração publicitária nesses espaços. Com esta jogada, Jean-Claude conseguiu agradar a gregos e troianos: os municípios garantiram abrigos a custo zero, os moradores viram-se protegidos do mau tempo, e as marcas puderam anunciar os seus produtos em espaços privilegiados.
Hoje, ainda são levadas em conta as diretrizes do fundador nas cidades nas quais a JCDecaux opera. Após a sua morte em 2016, os seus filhos, Jean-François, Jean-Charles e Jean Sebastien, tomaram conta do reinado do pai e foram mais além na expansão de novos negócios a nível mundial. Cada país é uma unidade de negócio independente com reportes regionais, mas com decisões locais. A filosofia do grupo é dar um grau de autonomia de empreendedorismo aos países, operando sempre na base das leis locais, dentro da Ética e Compliance internacionais.

«O MARKETING E A PUBLICIDADE PASSARAM A EXERCER GRANDE INFLUÊNCIA NAQUILO QUE CONSUMIMOS E NO QUANTO CONSUMIMOS, EM ANGOLA»

Falamos de uma empresa cuja referência é notória. Que tipo de serviços disponibilizam aos clientes? 
A JCDecaux Angola fornece serviços de mobiliário urbano às cidades e, em troca, explora estes mesmos mobiliários enquanto espaços publicitários. A nossa missão é melhorar a qualidade de vida nas urbanizações, ao mesmo tempo que disponibilizamos espaço para anunciantes promoverem o seu negócio. As nossas estruturas estão espalhadas pelas zonas mais concorridas de todas as cidades de Angola, de Cabinda ao Cunene, mas maioritariamente em Luanda. Temos todo o tipo de suportes publicitários, desde mobiliário urbano (abrigos, múpis...) a transportes, outdoors (citilites, superestruturas...) e pedonais, de forma a potenciar a visibilidade do cliente e garantir o maior retorno do seu negócio.  

No futuro, o que podemos esperar do setor da publicidade de exterior? Haverá novas plataformas, ou outro tipo de outdoors, que mantenham o cliente fidelizado?   
Eu gosto imenso de uma frase no nosso fundador: «Toda a minha carreira é baseada numa constante busca da perfeição, num forte foco no design e numa obsessão eterna para tornar os nossos equipamentos/estruturas úteis para a sociedade». Isto explica que nós, colaboradores da JCDecaux, temos a obrigação moral de não deixar cair um sonho e inovar constantemente o setor da publicidade de exterior. A JCDecaux não deixará de inovar, oferecendo continuamente mais serviços e melhorando o meio envolvente. O futuro da publicidade começa hoje. A crescente urbanização, o aumento da digitalização e as inovações tecnológicas no setor têm vindo a mudar as experiências em outdoors dos consumidores, seja em serviço público ou comunicação publicitária. A adaptação a novos contextos, nomeadamente ao da realidade digital, tornou-se uma inevitabilidade e, mais do que tudo, um desafio. 
O sucesso mundial e nacional da JCDecaux sempre teve como base o seu espírito inovador e a sua ambiciosa política de Inovação e Desenvolvimento. A eficiência desta estratégia pode ser vista em todos os nossos produtos e serviços. Esta proximidade é inspiradora, permite-nos adaptar de forma contínua às mudanças tecnológicas e comportamentais que afetam, naturalmente, as necessidades dos consumidores. O futuro da JCDecaux Angola tem como base quatro pilares: qualidade, estilo, funcionalidade, ambiente (que significa um alinhamento com um design amigo do ambiente, forte e durável, com pequeno consumo energético e uso de materiais renováveis).

«A JCDECAUX ESTÁ MUITO FOCALIZADA NA REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE GASES CARBÓNICOS PARA REDUÇÃO DO EFEITO DE ESTUFA»

Cada vez mais, a preocupação com o ambiente é um ponto fundamental nas agendas das empresas. De que forma a JCDecaux tem tido isso em conta? 

A JCDecaux está muito focalizada na redução das emissões de gases carbónicos para redução do efeito de estufa. É uma preocupação mundial, sim, e dentro da JCDecaux levamos este objetivo mais além e lançamos a «Pegada 360 (360 Footprint ou Empreinte)», a primeira calculadora de impacto ambiental, económico e social para campanhas na França, que poderá servir de exemplo para todas as unidades de negócio no mundo. A «Pegada 360», já disponível em França, fornece informações totalmente transparentes aos clientes sobre o impacto das campanhas da JCDecaux. A pedido do cliente, a JCDecaux fornecerá uma avaliação abrangente, incluindo um resumo macroeconómico do impacto da campanha (ou o plano da campanha), com base em quatro indicadores principais: impacto de carbono, medido em emissões de CO2; impacto hídrico, medido em metros cúbicos (m3); impacto social, medido em equivalente de tempo integral, com suporte na economia francesa ou local; impacto económico, medido em euros ou moeda local, gerado na economia nacional francesa ou local.
A JCDecaux também recomendará maneiras adicionais de reduzir o impacto ambiental do anunciante para o aumento da consciencialização e responsabilidade. Isso vai garantir uma avaliação real do impacto ambiental, económico e social das campanhas.Desde a sua criação, o Grupo tem inovado continuamente para reduzir o seu impacto ambiental, com o mobiliário urbano de design ecológico, e para ter 100% de energias renováveis. O seu objetivo é alcançar o status de neutralidade em carbono nas suas atividades até ao final de 2021, em França, e 100% de eletricidade limpa e renovável em todo mundo até 2022.
Maria Cruz
T. Maria Cruz